Petrobras parece não ter pressa em atualizar preços do diesel e preocupa investidor
A preocupação com o tema cresceu nos últimos dias diante da decisão da Rússia de suspender totalmente a exportação do combustívelA Petrobras parece não ter pressa para atualizar preços dos combustíveis. Durante cerimônia em comemoração aos 70 anos da estatal, Jean Paul Prates, presidente da companhia, disse que a empresa pode ou não atualizar preços até o fim do ano.“Nós estamos agora analisando a possibilidade ou não de outro reajuste até o fim do ano, mas a gente ainda não tem isso como um dado”, disse o presidente da Petrobras.O discurso chamou atenção especialmente diante da alta recente do petróleo — que se aproximou de US$ 100 o barril na semana passada. Essa alta aumentou a diferença de preços praticados pela estatal no diesel.Cálculo da Associação Brasileira dos Importadores de Combustível (Abicom) mostra que atualmente o diesel vendido pela estatal está 16% abaixo da paridade de importação. Ou seja, 16% abaixo do custo para importar.A preocupação com o tema cresceu nos últimos dias diante da decisão da Rússia de suspender totalmente a exportação de diesel. Hoje, o Brasil é o segundo maior importador de diesel, russo atrás apenas da Turquia. Cerca de 40% do diesel vendido no Brasil tem origem russa.Sem conseguir vender para os Estados Unidos e Europa por causa dos embargos de Washington e Bruxelas, os vendedores russos têm oferecido desconto próximo de 20% a quem topar comprar o combustível do país. E importadores brasileiros têm aproveitado.Com a decisão de Moscou de impedir as exportações, os brasileiros terão de buscar outros fornecedores — como os Estados Unidos e países árabes — que não oferecem desconto e praticam os preços internacionais. Em outras palavras, o preço deve subir.No evento dos 70 anos da Petrobras, Jean Paul Prates citou rapidamente esse tema ao reconhecer que recentemente houve um “enxugamento” do diesel russo do mercado.O presidente da Petrobras, porém, voltou a defender a política de “abrasileirar” os preços da empresa. Isso, segundo ele, evita “inúmeras oscilações” no mercado doméstico.O discurso de Prates e a leitura de que não há pressa em atualizar preços pressionaram as ações da Petrobras que fecharam o dia em queda na contramão do petróleo, que subiu no exterior.A ação preferencial (PETR4) caiu 1,18% e fechou em R$ 36,73. Já a ação ordinária (PETR3) perdeu 0,44%, a R$ 33,97. CNN