Mercado de combustíveis cresce acima do PIB

O mercado brasileiro de combustíveis cresceu acima do Produto Interno Bruto (PIB) nos últimos quatro anos, impulsionado sobretudo pelo aumento do consumo de biocombustíveis, disse o presidente da Ipiranga, Leonardo Linden. Apesar do dinamismo, o setor convive com transformações estruturais e crime organizado.

A Ipiranga é o braço de distribuição do grupo Ultra, opera 5,8 mil postos em todo o país e detém 16,7% de participação no mercado. Durante o Ultra Day, nesta sexta-feira (19), Linden destacou que a Petrobras permanece como um fornecedor de peso, mas sua participação vem encolhendo diante do avanço das importações e da entrada de novos agentes privados.

Entre os fatores que reforçam a necessidade de maior fiscalização, Linden citou a Operação Carbono Oculto, deflagrada em agosto de 2025 pela Receita Federal com apoio da Polícia Federal e do Ministério Público. A investigação revelou um esquema bilionário do Primeiro Comando da Capital (PCC) no setor, envolvendo cerca de mil postos em dez estados.

De acordo com as apurações, entre 2020 e 2024 o crime organizado movimentou R$ 52 bilhões com forte sonegação de impostos. O esquema utilizava fintechs como “bancos paralelos” e fundos de investimento para lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio em imóveis, usinas e caminhões. Também foram identificadas fraudes na qualidade dos combustíveis, com adulteração por excesso de metanol — prática que coloca em risco os consumidores e causa danos ambientais.

“As empresas citadas na operação representam 7% do mercado e 33% do mercado de etanol. Em São Paulo, a Carbono Oculto mostrou a relevância da articulação entre agentes do setor”, disse Linden ao defender a cassação de empresas flagradas em irregularidades na operação.

O executivo defende medidas como a monofasia do etanol, que é o regime em que os impostos são cobrados em uma única etapa da cadeia, geralmente na usina ou na importação. Isso reduz a sonegação e simplifica a fiscalização, já que concentra o recolhimento em poucos contribuintes. A medida foi adotada para combater fraudes no setor e garantir concorrência mais justa.

Outro ponto de preocupação é a importação de nafta, insumo utilizado como gasolina sem a devida tributação. A prática resulta em uma evasão de R$ 1,60 por litro, configurando perdas bilionárias para os cofres públicos. Esse diferencial tributário cria uma vantagem competitiva artificial, distorce o mercado, favorece empresas devedoras e abre espaço para o crime organizado.

Fonte: Valor.Globo

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