Maior importadora de diesel russo do Brasil entra na distribuição de gasolina

Maior importadora de diesel russo do Brasil entra na distribuição de gasolina

Nimofast pretende trazer nafta da Rússia e transformá-la em gasolina; foco da atuação será a região NordesteMaior importadora de diesel russo do Brasil, a Nimofast vai começar a operar também na distribuição de gasolina, fabricada no país a partir da formulação de nafta – um derivado do petróleo – também trazida da Rússia.O foco da operação será a região Nordeste, que tem pouca presença de agentes nacionais e importa a maior parte do insumo dos Estados Unidos, de acordo com o presidente da empresa, Ramon Reis.“O enfoque será em regiões de Pernambuco, do Rio Grande do Norte e outras. Eu fujo da Petrobras, não competindo com seus preços extremamente baixos, e consigo colocar produto no mercado a preços menores que o das importações atuais”, diz. “Minha operação é totalmente focada no Nordeste. Entrar no Sudeste e mesmo em outras regiões seria quase impossível”.Apesar da suspensão de exportações de combustíveis pela Rússia na semana passada, o executivo e fontes consultadas pelo Estadão dizem que o negócio que está saindo do forno não corre risco, porque a nafta russa não está no rol de produtos restritos para exportação pelo Kremlin, focado em gasolina e diesel S10.O investimento inicial nessa operação, diz Reis, foi de quase US$ 20 milhões, montante alcançado por meio de um empréstimo com um sindicato de quatro bancos privados e aporte próprio. “Conseguimos prazos de pagamento maiores que a média do mercado com os fornecedores de nafta na Rússia, o que é fundamental em um negócio intensivo em capital de giro. Esse tempo vai me permitir rodar o negócio e pagá-lo, trazendo novas cargas mensais”, diz.O empresário conta que planeja entrar no competitivo mercado de gasolina há anos, mas que o projeto vem sendo preparado mesmo há cerca de um ano. Para tanto, foi fundamental o caixa acumulado com sua outra operação, a importação de diesel russo.Considerando todas as fontes, a Nimofast já responde por cerca 30% das importações totais de diesel do Brasil, só atrás da Petrobras, segundo Reis. Com relação especificamente ao diesel russo, a empresa é dominante, com mais de 60% do mercado.Reis diz que os derivados russos entraram no Brasil para ficar, mesmo após eventual resolução da guerra na Ucrânia. A compra do diesel russo no Brasil vem aumentando desde abril e, em agosto, respondeu por 74% do total importado, segundo dados de comércio exterior do governo federal.Hoje, o Brasil varia como segundo ou terceiro maior comprador de diesel da Rússia, só atrás da Turquia e empatado com a Líbia, diz Reis.Nafta em gasolinaA primeira carga de nafta vinda da Rússia chegou na semana passada ao terminal da Decal, no Porto de Suape (PE). São 50 milhões de litros de nafta a serem transformados em gasolina.Segundo Reis, a Decal, dona do terminal, vai atuar como prestadora de serviço para a Nimofast. Por meio de convênio, a operação também contará com profissionais do Instituto de Pesquisa em Petróleo e Energia, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).A transformação da nafta em gasolina será realizada nos tanques do terminal por meio do processo chamado de “reforma catalítica”. O processo não altera a quantidade de átomos do composto, somente sua estrutura molecular, a fim de torná-lo idêntico à gasolina.“Começaremos a operação comercial no início de outubro. Vamos trazer um navio por mês. Para nós, é um volume grande, mas para as gigantes do setor (Petrobras, Vibra, Raízen e Ipiranga) é só uma gota no oceano”, diz o empresário.O volume, diz Reis, tem a ver com a tancagem disponível no porto. A Decal informa que o terminal tem uma capacidade total de armazenamento de 156 mil metros cúbicos, dos quais só uma parte será usada pela Nimofast.Uma vez pronta, a gasolina será vendida pela Nimo Energia, distribuidora comprada pela Nimofast há seis meses. Em um primeiro momento, a empresa só venderá para outras distribuidoras que possuírem cargas de etanol anidro e permissão para misturar essas cargas na gasolina para obter o produto final que vai às bombas.Depois, em um prazo de seis meses, Reis planeja assumir também esse preparo para distribuir diretamente ao varejo. Por lei, o etanol anidro representa 27,5% da gasolina vendida ao consumidor final.  Estado de S. Paulo  

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