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Hidrogênio a partir de etanol une iniciativa privada e academia

Hidrogênio a partir de etanol une iniciativa privada e academia

Em janeiro de 2013, começaram a chegar ao Brasil os primeiros carros híbridos. Na época, o modelo Prius,que a Toyota trazia do Japão, provocava estranheza no mercado brasileiro. Dez anos depois, chegou a vezdo carro a hidrogênio. Agora, a Toyota vai trazer duas unidades do modelo Mirai, movido a hidrogênio e jávendido no Japão. Desta vez, porém, os carros não estarão à venda. Os veículos serão usados em testesnum projeto que reúne iniciativa privada e academia em torno da pesquisas do uso do etanol na produção dehidrogênio.Além da Toyota, a parceria envolve a Universidade de São Paulo, Senai Cetiqt, Shell, Raízen e Hytron,empresa do grupo alemão Neuman & Esser, que trabalha em soluções de energia, com foco em hidrogênio.O projeto será desenvolvido por meio de investimento de R$ 50 milhões da Shell Brasil e financiamento daFundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).Um dos trabalhos do projeto será medir as emissões de CO2 na atmosfera, desde o cultivo da cana deaçúcar até o consumo do hidrogênio pela chamada célula combustível do veículo. “O objetivo é mostrar que oetanol pode ser vetor para produzir hidrogênio renovável, aproveitando a logística já existente na indústria deetanol”, afirma o gerente de tecnologia de baixo carbono da Shell Brasil, Alexandre Breda.Testes com hidrogênio envolverão carro da Toyota e ônibus que circula na Cidade Universitária da USPO carro da Toyota será testado no centro de pesquisas para inovação em gases de efeito estufa da USP, emSão Paulo. Além de abastecer o Mirai, o primeiro carro da Toyota a hidrogênio vendido em série no mundo, ohidrogênio obtido a partir de etanol vai abastecer um ônibus que circula na Cidade Universitária, onde ocentro de pesquisa está instalado desde 2015.“Com fontes de energia renováveis, o Brasil tem um potencial gigantesco. Teremos o nosso Mirai abastecidocom hidrogênio produzido de uma fonte 100% renovável como o etanol”, destaca o presidente da Toyota doBrasil, Rafael Chang.O hidrogênio renovável será produzido com o etanol fornecido pela Raízen. Já a tecnologia será desenvolvidapela Hytron, uma empresa do interior de São Paulo que hoje pertence ao grupo alemão NEA. O projeto terásuporte do Instituto Senai de inovação em biossintéticos e fibras.O carro movido a hidrogênio é uma das principais apostas da indústria automobilística global no processo deeletrificação e descarbonização do transporte. Por isso, projetos que envolvem o uso do hidrogênio têm sidoobjeto de intensas pesquisas nas montadoras em todo o mundo.Um carro movido a hidrogênio é essencialmente um elétrico. A diferença em relação a um elétricoconvencional é que não usa carga externa. Funciona por meio de uma reação química entre hidrogênio eoxigênio. O hidrogênio é armazenado em tanques enquanto o oxigênio vem de fora do carro. A mistura causauma reação química, liberando energia. Transformada em eletricidade, essa energia carrega a bateria quealimenta o motor elétrico.Segundo informações da Toyota, o resultado desse processo é um automóvel 100% livre de CO2, comautonomia próxima de 600 quilômetros. Mas o escapamento do carro movido a hidrogênio é a melhor notíciapara o meio ambiente: emite apenas vapor d’água.Ao contrário do que acontece com o chamado hidrogênio “cinza”, produzido a partir da queima decombustíveis fósseis, principalmente gás natural, o etanol é uma forma de o Brasil ganhar relevância naprodução do hidrogênio verde.Enquanto o carro movido a hidrogênio verde ainda passa pela fase de desenvolvimento e testes, Changmantém posição favorável ao híbrido a etanol. “Com forte vocação para biocombustíveis, o Brasil tem umaopção pronta para o período de transição para uma futura agenda neutra em carbono”, destaca.Para o executivo, o mundo não pode se basear na eletrificação total como solução única. “Temos diversasalternativas; o nosso inimigo é o CO2 ”, destaca.A Toyota faz parte do grupo de montadoras que defende a produção de híbridos no Brasil enquanto outraparte do setor é favorável à eletrificação total. O híbrido é um carro com dois motores – um a combustão eoutro elétrico. Ambos se alternam dependendo do uso do veículo. Ao mesmo tempo, o motor a combustãoajuda a carregar o elétrico.A Toyota foi a primeira montadora a desenvolver e produzir no Brasil um híbrido a etanol, o sedã Corolla, em2019. Desde então, já vendeu 55 mil híbridos no mercado brasileiro. Mas a produção já somou 100 milunidades, incluindo exportação. Em 2022, os modelos híbridos representaram 20% da produção da empresano Brasil. Das vendas no mercado interno, 10% foram de carros que funcionam com um motor a combustão eoutro elétrico. Com o lançamento do utilitário esportivo Corolla Cross também na versão híbrida, em 2021, asexportações da montadora a partir do Brasil ganharam força. Hoje, diz Chang, o mercado externo(principalmente a América Latina) absorve 35% da produção de veículos das duas fábricas da Toyota no país– Sorocaba e Indaiatuba, ambas no interior de São Paulo.A polêmica na comunidade automotiva em torno dos caminhos que o Brasil deve seguir nessa área –hibridização ou eletrificação total – estão longe de terminar. Mas Chang aposta que o custo e a infraestruturavão falar mais alto.Quanto à infraestrutura, o executivo diz: “No Brasil, é possível abastecer com etanol em qualquer posto dopaís”. Já em relação ao custo dos veículos, ele acredita ter fortes argumentos. Segundo o executivo,enquanto a produção de um modelo híbrido representa custo adicional em torno de 5% na comparação comum veículo similar a combustão, a de um carro 100% elétrico chega ao dobro. Chang, um peruanodescedente de chineses, tem organizado informações para detalhar seus argumentos e levá-los a quem podetomar decisões em relação a políticas públicas voltadas a veículos menos poluentes.“Estamos levando os dados ao governo e explicando as vantagens. Acreditamos que cada tipo de energiaterá seu papel”, afirma. “Todas as propostas para descarbonização são muito bem-vindas. Mas precisamospensar na escala de produção e no processo de nacionalização dos componentes”, completa.O carro a hidrogênio poderá, algum dia, ser produzido no Brasil? “Nós estamos olhando o futuro. Quandocomeçamos a importar o híbrido Prius ninguém imaginava que algum dia poderíamos produzir um veículoassim no Brasil”, afirma Chang. Â

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