Fabricantes investem em tratores e máquinas movidos a combustíveis sustentáveis

Indústrias de tratores e implementos agrícolas estão ampliando os investimentos no desenvolvimento de equipamentos abastecidos com combustíveis renováveis. A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) encomendou um estudo para avaliar o impacto da utilização de biocombustíveis no setor. “Queremos entender os efeitos na economia, na redução de emissões e no custo por quilômetro rodado, entre outros fatores”, afirma Pedro Estevão Bastos, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da entidade.

Se o desempenho for similar ao do etanol, as projeções são bastante positivas. Segundo o Ministério de Minas e Energia, o uso de etanol desde o lançamento do Proálcool, há 50 anos, e de biodiesel entre 2008 e 2024, permitiu ao Brasil economizar 3,3 bilhões de barris de petróleo e US$ 251 bilhões em importações de combustível, além de evitar a emissão de 1,64 bilhão de toneladas de gás carbônico equivalente.

Em 2022, o Grupo CNH lançou o primeiro trator do mundo movido a biometano — o T6.180 Methane Power, da New Holland. Apesar de ter preço até 20% superior ao similar a diesel, o modelo apresenta um custo operacional 30% menor e emite 80% menos gases de efeito estufa (GEE). A Case IH, também pertencente ao grupo, desenvolveu uma colhedora de cana equipada com motor de 400 cavalos movido a etanol. Apresentada na Agrishow 2024, em Ribeirão Preto (SP), a máquina retorna à feira este ano como protótipo, trazendo agora os resultados dos testes realizados na Usina São Martinho, em Pradópolis (SP).

“Os dados indicaram que estamos na direção certa”, diz Flávio Mazetto, diretor de marketing e produtos da CNH América Latina. A Case IH também apresentará na Agrishow a linha de tratores Puma, movidos a etanol, ainda em fase de protótipo.

Já a AGCO — grupo que controla as marcas Valtra, Massey Ferguson e Fendt — investe cerca de US$ 500 milhões anuais em pesquisa e inovação e equipou suas máquinas com motores eletrônicos compatíveis com o padrão MAR1, operando com biodiesel. Atualmente, a empresa avança para o padrão MAR2. “Trabalhamos com diversas alternativas, como biodiesel e etanol, e ainda veremos mais espaço para biomassa e biometano”, explica Paulo Vilela, diretor de engenharia da companhia.

Durante a Agrishow, a Fendt reforçará sua estratégia com motores adaptados para biodiesel, diesel verde e outros biocombustíveis, conforme destaca Elizeu dos Santos, gerente de marketing e produtos para América Latina.

A John Deere, por sua vez, está testando a transição energética em parceria com o Grupo Amaggi. Há um ano, 16 equipamentos — entre tratores, carregadeiras, motoniveladoras e pás-carregadeiras — movidos a biodiesel B100 vêm sendo avaliados em uma fazenda em Diamantino (MT). O combustível é produzido em outra unidade da Amaggi, em Lucas do Rio Verde (MT).

Com projetos de motores a etanol ainda em fase de testes no Brasil, a John Deere tem como uma de suas metas lançar um trator totalmente elétrico e autônomo, buscando soluções de baixas ou zero emissões.

“As crises internacionais do petróleo têm impacto muito negativo no Brasil. Quando o produtor de soja, milho ou cana-de-açúcar pode optar por uma matéria-prima que está ao seu alcance, há maior segurança energética”, destaca Daniel Amaral, diretor de economia e assuntos regulatórios da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).

Fonte: Valor.Globo

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