Defasagem de preços da gasolina da Petrobras volta a subir
Alta do petróleo levou a descolamento dos valores cobrados pela estatal nas refinarias frente às cotações internacionais dos derivadosA diferença dos preços dos combustíveis praticados pela Petrobras em relação às cotações internacionais tem aumentado conforme a cotação do petróleo avança. O Brent fechou a última semana com alta de 2,54%, aos US$ 90,03 após notícias de que a oferta da commodity ficará limitada globalmente. Na segunda-feira (11), a cotação se manteve estável.Com a alta, a defasagem da gasolina da Petrobras nas refinarias chegou a R$ 0,49 por litro na segunda-feira, segundo o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), ou 14,28%. Há uma semana os preços da gasolina da Petrobras estavam R$ 0,37 por litro abaixo dos praticados internacionalmente, cerca de 11,26%. No diesel, diz o CBIE, a diferença foi maior: a defasagem semana passada era de R$ 0,39 por litro, ou 9,38%; ontem, subiu para R$ 0,69 por litro, ou 15,37%.Para a consultoria StoneX, a defasagem média dos preços da Petrobras em relação ao preço de paridade de importação é de R$ 0,23 por litro para a gasolina e de R$ 0,63 por litro para o diesel. Já os cálculos da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) indicam diferença de R$ 0,27 por litro na gasolina e de R$ 0,74 por litro no diesel.A última vez que a Petrobras realizou reajustes nos combustíveis foi em 16 de agosto, quando a estatal aumentou em 16,18% os preços da gasolina e em 25,8% os preços do diesel. O reajuste foi feito em resposta à alta dos preços do petróleo internacional, mas não anulou a defasagem em relação à paridade de importação. No primeiro dia de novos preços,a defasagem de gasolina da estatal havia ficado em 9,6% e o diesel em 8,4%.As preocupações de oferta global de petróleo têm elevado os preços nos últimos dias. Na semana passada, Arábia Saudita e Rússia anunciaram a prorrogação dos cortes voluntários na oferta da commodity até o fim deste ano. A medida reacendeu temores com a inflação em nível mundial e foi a iniciativa mais recente de dois dos maiores produtores de petróleo do mundo para elevar os preços.”Nova estratégia de preços dificultou prever movimentos da estatal” Monique GrecoA Transneft, que compila dados de embarque de petróleo e derivados da Rússia, informou na sexta-feira (8) que as cargas russas de diesel devem cair 25% em setembro, o que pode reduzir as exportações do país para o menor nível desde maio. No Brasil, o diesel ficou mais caro desde a semana passada, quando voltou a ser cobrada parte da alíquota do PIS/Cofins sobre o combustível, que estava zerada desde 2021.“A nova estratégia de preços da Petrobras tornou mais difícil prever os movimentos da estatal”, diz Monique Greco, analista do Itaú BBA. Segundo cálculos do banco, atualmente o valor do diesel vendido nas refinarias da Petrobras estaria próximo ao limite inferior do valor marginal da estatal e a gasolina estaria 2% abaixo. O valor marginal é uma faixa de preços dos derivados dentro da qual a estatal consegue auferir ganho na venda.Greco diz que a interpretação é de que a Petrobras tem esperado o cenário se estabilizar antes de alterar os preços internamente. Para ela, é preciso considerar também o câmbio, que esteve apreciado nos últimos dias. Conforme o banco, antes do último reajuste anunciado pela Petrobras, em agosto, os preços nas refinarias estavam abaixo do limite inferior da faixa em 15% para a gasolina e 13% para o diesel. Os preços ficaram fora da faixa por três a quatro semanas. Valor Economico