Com anúncio previsto para novembro, o novo plano estratégico da Petrobras não deve trazer alterações
significativas em relação ao atual, mas virá com um foco reforçado na busca por novas reservas de petróleo e
gás.
A máxima do plano será a de que “cada gota de óleo é importante”, disse nesta segunda-feira (14) a direção
da empresa, que participou de café da manhã com jornalistas para celebrar os 71 anos da estatal,
comemorados no dia 3 de outubro.
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, disse que ainda não é possível adiantar a projeção de
investimentos, já que os projetos ainda estão sendo analisados pela companhia. O plano atual prevê US$ 102
bilhões em cinco anos, mas a estimativa já foi frustrada em 2024.
“Quem disser que sabe o número [do investimento] está fechado, não está correto”, afirmou Magda, em
resposta a notícias tanto sobre aumento quanto sobre queda do investimento. Mas ela adiantou não esperar
um ‘capote’. “Em comparação com o plano anterior, não vai ser o dobro, nem vai ser metade”.
O diretor financeiro da companhia, Fernando Melgarejo, também adiantou que não prevê mudanças na
política de dividendos ordinários, implantada na gestão Jean Paul Prates, que determina a distribuição de
40% do fluxo de caixa livre da companhia.
A distribuição de dividendos extraordinários, afirmou, vai depender do volume de investimentos previstos no
plano de negócios e de um novo patamar de caixa mínimo, que pode ser revisto no planejamento para os
próximos quatro anos. O atual é de US$ 8 bilhões.
Do ponto de vista de projetos, o foco permanecerá na exploração e produção de petróleo, principal atividade
da companhia. Desta vez, com um olhar mais dedicado à recuperação de campos antigos da Bacia de
Campos, que completa 50 anos em 2024.
É um processo que já vem sendo tocado, com a revitalização de grandes campos que ajudaram o Brasil a
atingir a autossuficiência, como Roncador ou Marlim. Mas a visão de que “toda gota de óleo é importante”
leva a empresa a estudar alternativas para outros projetos na área.
O elevado custo das plataformas de produção, que chega hoje a bater os US$ 4 bilhões, é um entrave. “Se
as plataformas estão tão caras, inviabilizamos acumulações menores”, disse a diretora de Exploração e
Produção da companhia, Sylvia dos Anjos.
Uma novidade no plano deve ser a estratégia de reaproveitamento de plataformas antigas para esses
projetos. Já há estudos para a revitalização de quatro plataformas hoje em operação. A empresa acredita que
a Bacia de Campos ainda pode produzir volume equivalente ao que produziu nesses 50 anos.
“Estamos mandando mensagem para o mercado. O Brasil precisa de plataformas mais em conta. Os preços
começaram a ficar muito elevados. Entendemos as dificuldades dos nossos fornecedores, mas eles precisam
ser criativos, e nós também”, afirmou Magda.
Ainda este ano, a empresa prevê a entrada de três novas plataformas, uma no campo de Jubarte, na Bacia
de Campos, e duas no pré-sal da Bacia de Santos. Um dessas será a maior plataforma em operação no
Brasil, com capacidade para produzir 225 mil barris de petróleo por dia.
Magda sinalizou que na área de transição energética o foco permanecerá em descarbonização, com
investimentos em combustíveis mais renováveis, como o diesel R5, que usa óleos vegetais também como
matéria-prima, e o combustível marítimo com 24% de biocombustível.
Investimentos em usinas solares e eólicas dependem de melhora nas condições de preços da venda de
energia, afirmou o diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da estatal, Maurício Tolmasquim.
Segundo ele, a empresa já tem projetos em mira, mas o excesso de oferta de energia derrubou os preços